Quem e voce?

Queridos e queridas,

Desculpem-me pela ausencia tao longa... Havia me proposto a escrever uma vez por semana, mas a vida anda tao corrida que nao consegui. Na verdade, mais do que corrida, um pouco indefinida no momento. E eu, como boa Capricorniana que sou fico maluca com indefinicao. Passo os dias inventando planos mirabolantes sobre o que farei daqui pra frente e nao consigo pensar ou fazer mais nada. E nessa, o coitado do blog ficou de lado. Mas estou de volta. E de agora em diante, indefinicao ou nao, deixarei meu recadinho aqui pra voces. Eu ja disse varias vezes o quanto esta experiencia tem sido reveladora para mim. E a cada dia, mesmo depois de tantos meses pensando na vida, continuo surpreendendo a mim mesma. E curioso como nossos valores realmente mudam ao longo do tempo. Isso nao e novidade pra ninguem, mas e estranho realmente experimentar essa sensacao. Olhar-se no espelho e pensar: "quem e voce?". Ou abrir o guarda roupa e pensar:" pra que diabos eu tenho tantos brincos, aneis e sapatos?" Eu me lembro de infinitas vezes em que abria o armario de manha e nao encontrava uma unica roupa pra ir trabalhar no meio daquele monte de coisas e logo me convencia de que precisava fazer uma visitinha as lojas. Nao e que eu tenha deixado de gostar de roupas, sapatos e afins. Alias, acabei de escrever outro dia que "amo muito tudo isso", mas e que essas coisas ja nao me parecem mais tao essenciais como antes. Acho que o principal responsavel e o fato de nao estar trabalhando, primeiro porque quando temos que nos arrumar todo santo dia, chega uma hora em que nao queremos mais repetir as mesmas roupas. (Homens nao padecem deste mal. Podem usar o mesmo terno 3 vezes na mesma semana e tudo bem. Mas homens sao seres de outro planeta mesmo, entao nem adianta tentar entender). O segundo efeito de nao trabalhar e que nao ha a "pressao do grupo", posso ficar o dia todo aqui em casa de pijama, ou usar a mesma camiseta tres dias seguidos, que ninguem vai me olhar estranho ou fazer comentarios engracadinhos. Mas o terceiro fator e pra mim o mais importante desta estoria, e que eu devia ser tao infeliz no mercado financeiro que precisava me mimar com coisinhas frequentemente pra compensar a tristeza. E fato que mesmo agora, que me sinto muito mais feliz, tranquila, equilibrada, tenho umas vontades-loucas de comprar uma coisinha no periodo da TPM. Mas e algo esporadico (ou mensal pra ser mais precisa), nao cotidiano como antes. Outra experiencia interessante e vestir-me para as escassas entrevistas a que vou. Ontem mesmo houve uma dessas. E depois de pronta, de tailler e perolas me olhei no espelho e nao consegui me identificar com aquela imagem. Me senti exatamente como a personagem do livro que acabei de ler, que acorda depois de um acidente com amnesia dos 3 ultimos anos, so que ela havia mudado completamente nesse periodo e ela nao se reconhece quando ve sua imagem refletida no espelho. E como olhar uma daquelas fotografias antigas, so que ao vivo e em cores. Mas mais do que me assustar, essa sensacao faz de mim muito mais otimista. Porque e a prova de que nada e definitivo na vida e nao importa quantas vezes fizermos merda, sempre poderemos recomecar, nos reinventar, fazer diferente, (pra plagiar nosso querido finado banco. Ainda nao sei como sera minha vida nos proximos anos e nem quero saber porque afinal a maior graca da vida e a surpresa, mas saber que podemos mudar o tempo todo e de fato mudamos, me enche de certeza de que tudo dara certo. E se nao der, podemos sempre tentar uma segunda vez, terceira, quarta, ...
Beijos a voces e continuem tentando.