Não leve seu Blackberry pra jantar

E verdade que esse aparelhinho e uma mão na roda pra pessoas que estão sempre em transito. Reconheço a importância da velocidade e da flexibilidade nos dias atuais. Mas e também verdade que ele e extremamente irritante para os que convivem com as pessoas que estão sempre em transito. E não estou falando só do Sr. Marido, não. A grande maioria dos usuários de Blackberry que conheço age assim. Estou ate achando que ha alguma substancia viciante em sua composição. Só pode ser. De outra forma, como explicar que todo feliz usuário dessa maravilha telefônica não consegue ficar mais do que 5 minutos sem checa-lo? Imaginem se essas pessoas recebessem mensagens urgentes de verdade a cada 5 minutos, todos os dias... Haja importância! Nem o Obama, outro participante da legião, tem tantos assuntos urgentes pra resolver. Mas o que mais me incomoda e almoçar ou jantar com alguém que tem Blackberry. Já tentou conversar a mesa sobre qualquer assunto com alguém que anda com um aparelhinho desses? E impossível! A menos que você seja tão auto-suficiente que não se importe em manter um monologo. Eu não sou. Preciso de atenção. Gosto quando meu interlocutor me olha na cara e responde aos meus comentários com atenção, sabendo o que esta falando e não com monossílabos ou pior, com respostas que não tem nada a ver com o que você perguntou. Isso sem contar quando você fica desenvolvendo um argumento por 15 minutos, achando que o outro esta com a cabeça baixa pra refletir sobre o que você esta dizendo e no final ele olha pra você e diz: “O que foi que você disse mesmo?” Da vontade de se levantar e ir embora, não? Mas e claro que eu jamais faria isso porque receio que minha ausência nem fosse notada... O mais engraçado e que tem vários tipos de seguidores da seita. Os mais viciados, andam com ele no bolso ou na mão e o tem sempre a vista. Se esta almoçando, o bichinho fica sobre a mesa, ao lado do copo e seu dono fica atento ao menor sinal de movimentação. Se der uma piscadinha o cara já atende. Parece ate outra versão daquele cachorrinho virtual que inventaram um tempo atrás e que você tinha que alimentar, dar água, carinho, senão ele morria? Quem sabe, as pessoas que tem esse grau de dependência por Blackberry precisem canalizar seu afeto, mas não sabem como... Vai saber... No outro extremo, tem os raros casos daqueles que mal se dão conta de que tem o brinquedinho. O pobre fica lá no fundo da bolsa, esquecido, e a pessoa só se lembra de pega-lo quando a tem 342 mensagens no Inbox e o fulano fica cansado de olhar praquilo e acaba não respondendo nenhuma. Se for urgente, a pessoa liga depois. Confesso, que simpatizo mais com o segundo tipo, um ser digamos mais “relaxed”. E olha que eu ate gosto de tecnologias. Passo a maior parte dos dias no meu MacBook, navegando, escrevendo, pesquisando. Amo a Internet e todas as informações que conseguimos obter através dela. Bem melhor do que quando tínhamos que ir a banca comprar aqueles almanaques pra fazer os trabalhos da escola. E ainda recortar e colar tudo em folhas de sulfite e escrever tudo a mão ou na melhor das hipóteses na maquina de escrever. Um trabalhão! Mas depois de algumas horas, desligo o Mac e vou fazer outras coisas. Quem tem Blackberry não descansa. Esta o tempo todo ligado, ansioso, esperando algo chegar. Ha quem diga que e necessidade de se sentir importante. Sei não. Só sei que e muito desagradável pra quem esta do lado. Por isso proponho a campanha “não leve seu Blackberry pra jantar”. Pelo menos no fim de semana. Todos aqueles que se sentem ultrajados pela falta de atenção recebida de seus parentes e amigos queridos estão convidados a “spread the word”.